A VIDA, UMA HISTÓRIA E NOSSOS FILHOS
Construimos uma história e quando o tempo passa e nos tornamos adultos, somos responsáveis pelo alicerce da história de quem amamos, até que se fortaleçam, se tornem donos de si e consigam seguir com essa obra sozinhos, construindo sua própria história, sem a ajuda dos pais mas sobre sua vigília de pais cautelosos que são.
Quando os filhos nascem, a primeira coisa que fazemos além das noites mal dormidas, o carinho em excesso, os cuidados especiais e o grande amor inigualável que brota no coração, é construir uma caixa toda decorada a gosto da mãe cuidadosa e com muito carinho onde serão guardadados os primeiros pertences daquele ser tão especial e revolucionário. Nessa caixinha, seja rosa ou azul, guarda-se então a pulseirinha de identificação do bebê, o umbigo que caiu, a primeira mamadeira que mais parece uma miniatura, a chupeta já estourada, os primeiros fiozinhos de cabelo que é recolhido e guardados num saqunho com um lacinho na ponta e cheias de orgulho do primeiro corte de cabelo, para não atrapalhar a visão do seu bebê, as primeiras peças de roupa que mais parece roupas de boneca de tão pequeninas, e assim por diante. Logo depois, muitas descobertas, trocas de afeto com aquela criança que já reconhece seu valor como mãe e aí é só paixão.
Chegou a hora do preparo de uma nova caixinha. Aquela que algumas mães guardam a roupinha do batizado, toda branca com a vela, tentando atravessá - la vela na caixa com o maior cuidado para que não se quebre e junto o comprovante de batistério. Guardamos tudo isso como se fosse verdadeiros tesouros. Logo vem a organização das fotos no álbum, outra relíquia.
Assim segue a vida, com o susto dos primeiros tombos, o galo na cabeça, as festividades, o primeiro dia de aula. Logo após todos esses acontecimentos vem a curiosidade e junto a essa curiosidade as perguntas que nos deixam sem rumo, loucas para achar uma saída rápida e inteligente, as descobertas, a primeira mentruação, a primeira ejaculação, e assim a vida corre de forma natural mas ameaçadora, porque sabe-se que mais cedo ou mais tarde os pais ficarão orfãos dos filhos e que um dia o alicerce chega ao fim e permanecerão na supervisão dessa obra sem que esse filho perceba tal intromissão.Passam assim a construir essa obra sozinhos e de maneira única e própria.
Pena que muitos pais não prestem atenção nos pequenos detalhes de todo esse tempo maravilhoso de aprendizado, muito amor e descobertas. Pena que muitas mulheres revoltadas pela sua inconsequência acabam se acovardando diante a vida e abandonam seus filhos a mercê de hospitais, jogam em córregos ou rios, no mato, no lixo, nas grandes avenidas etc.Infelizes dos que são esquecidos e não suportam a dor do abandono e felizes daqueles que se deparam com um anjo e são salvos com uma esperança de vida.
Estúpidas parideiras, que perdem a chance de construirem uma história linda, de amar e serem amadas sendo assim abençoadas em todos os sentidos.
Muitas mulheres sonham em poder ter um filho e não conseguem por algum motivo. Outras jogam no lixo. Por que tanta burocracia na adoção? Isso faria a felicidade de muitas mães do coração, isto é, anjos da esperança e salvação.
Autora: Vanessa Pena